Bíblia de Estudos e-Sword

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

"QUEM SOU EU...?"

"Quem sou eu? Muitas vezes me dizem
que eu sairia do confinamento da minha cela
calma, alegre e firmemente,
como um cavaleiro vindo de sua terra natal.

Quem sou eu? Muitas vezes me dizem 
que eu falaria com os meus carcereiros
livre, clara e amigavelmente,
como se me coubesse comandar.

Quem sou eu? Também me dizem
que eu suportaria dias de má sorte
uniforme, sorridente, orgulhosamente, 
como alguém habituado a vencer.

Sou realmente isso tudo o que os outros dizem?
Ou sou somente o que sei de mim,
inquieto, anelante e enfermo, como um pássaro na gaiola,
lutando por conseguir respirar como se mãos
estivessem comprimindo a minha garganta,
anelando por cores, por flores, pelas vozes das aves,
sedento de palavras bondosas, de urbanidade,
tremendo de ira ante os despotismos e a humilhação mesquinha,
fremente na expectativa de grandes eventos,
tremendo impotentemente por amigos a uma distância infinita,
fatigado e vazio na oração, no pensamento, na realização,
desfalecido e pronto a dizer adeus a tudo?

Quem sou eu? Este ou aquele outro?
Sou uma pessoa hoje, e outra amanhã?
Sou ambas ao mesmo tempo? Um hipócrita perante os outros,
e diante de mim mesmo um fraco desprezível e desolado?
Ou ainda há dentro de mim algo como um exército batido, fugindo
desordenadamente da vitória já obtida?

Quem sou eu? Eles zombam de mim, 
destas minhas perguntas na minha solidão.
Quem quer que eu seja ou seja lá quem eu for,
Oh! DEUS, eu sou TEU..."

(Dietrich Bonhoeffer, Who Am I? Letters and Papers from Prision)

Após 23 meses de detenção, Bonhoeffer cumpriu cárceres do regime nazista alemão, na prisão subterrânea da Rua Prinz-Albrecht em Berlim. Preso no dia 05 de abril de 1943, acusado de desmoralização das Forças Armados pelo Conselho de Guerra do Reich. Lá ficou isolado e separado de sua família, separado de seus amigos, separado de seus irmãos em CRISTO, separado de seu trabalho, separado de seus escritos, separado de sua noiva. Em 09 de abril de 1945, três semanas antes que as tropas aliadas libertassem o campo onde estava, foi enforcado com vários de sua família, seu irmão e cunhados. E bem pouco tempo também antes que o próprio Hitler cometesse suicídio.

"Jesus Cristo, e não homem algum ou o Estado é nosso Único Senhor e Salvador".

Por estas afirmações e por sua vida a favor da liberdade e de oposição ao regime nazista e tendo fundado o movimento de uma igreja confessante, tudo caiu na ilegalidade.

Como ele dizia:

"Para mim, esse confronto com o passado, essa tentativa de preservá-lo e reconquistá-lo, especialmente esse medo de perdê-lo é a música de fundo quase diária da minha vida neste lugar"

Bonhoeffer, o prisioneiro de Tegel, encarou sua luta, sua vida, deixando estes documentos, num esforço de não dar por perdidas as coisas do seu passado, lutou contra "a invasão de fora", e procurou imprimir em sua vida a "continuidade com o próprio passado"...

Quando o prisioneiro é livre tudo continua a motivá-lo, mas para ele tudo foi barrado, sua liberdade foi barrada e faz uso da "força que jamais cede o futuro ao adversário, mas o reclama para si"...

Somos presenteados no entanto com o poema de Tegel e sob esta perspectiva deve ser lido, em função de um futuro melhor...

Escreveu além desta obra, escreveu duas de grande vulto e valor para os cristãos verdadeiros de todos os tempos, pois selou suas obras com seu próprio sangue:

- Discipulado

- Ética

(Existe em português)

O SENHOR nos fortaleça NELE para que sempre a ELE sejamos fiéis...

heber zenun, pastor e professor...

www.ekklesianascentedecristo.com.br



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