Com cuidados simples, pais evitam morte súbita de bebê
RICARDO WESTIN
da Folha de S.Paulo
A notícia da morte de um bebê de sete meses em São Paulo duas semanas atrás deixou pais e mães assustados. Gabriel Santos Ribeira, de sete meses, morreu misteriosa e repentinamente no berçário de uma creche de São Paulo. Uma das hipóteses aventadas é a chamada síndrome da morte súbita do recém-nascido.
A morte súbita ocorre quando o bebê deixa de respirar e seu coração pára de bater sem nenhum motivo aparente. Mesmo depois de uma investigação detalhada, não se consegue descobrir a razão.
Estudos feitos no Rio Grande do Sul na década de 80 chegaram ao índice de um bebê vítima da morte súbita em cerca de mil nascimentos.
Debruçando-se sobre os casos, os médicos conseguiram identificar uma série de características comuns à maioria dos bebês que morreram repentinamente, embora ainda não saibam explicar exatamente como se deu a relação dessas características com as mortes.
O principal fator de risco é deixar a criança dormir com a barriga para baixo. Os pais podem reduzir as chances de uma morte súbita afastando esse e os demais fatores de risco.
"Quando dou orientações aos pais, não falo morte súbita, porque choca. Mas explico que o bebê não pode dormir com a barriguinha para baixo porque pode se sufocar. Ele ainda não tem reflexos, não consegue gritar e não é capaz de se virar. Em questão de minutos, perde-se a criança", diz Edinéia Vaciloto Lima, neonatologista da maternidade Pro Matre Paulista.
A síndrome da morte súbita ocorre até o primeiro ano de idade, mas é mais freqüente entre o segundo e o quarto mês. Afeta mais os meninos do que as meninas. É mais comum à noite, enquanto o bebê dorme, e nos meses de inverno.
Outro fator de risco é deixar o bebê aquecido demais, com cobertores pesados ou muita roupa. O recém-nascido também não deve dormir em locais macios demais, como almofadas, sofás e a cama dos pais. O colchão do berço deve ser firme.
"São coisas simples, que podem ser mudadas", afirma o médico Nivaldo de Souza, da UTI pediátrica da Unifesp.
Têm mais chances de ter morte súbita os bebês que convivem com fumantes, os que não são alimentados com o leite materno, os que tiveram algum irmão morto nos primeiros meses de vida sem motivo aparente e os que nasceram abaixo do peso e prematuramente. Nesse último caso, acredita-se que a morte ocorra pelo fato de os bebês não terem o mecanismo cerebral que controla a respiração completamente desenvolvido.
O médico Paulo Nader, um dos diretores da Sociedade Brasileira de Pediatria, diz que os pais não devem se preocupar a ponto de acordarem várias vezes durante a noite para ver se seus bebês estão bem. "Em primeiro lugar, a incidência não é tão alta. Depois, podemos evitar os fatores de risco."
Outra hipótese cogitada para a morte do bebê Gabriel na creche de SP é o refluxo. O problema ocorre quando o alimento ingerido volta à boca. A comida pode obstruir a passagem do ar ou ser aspirada para o pulmão, impedindo o bebê de respirar.
Para evitar esse risco, os médicos recomendam que a criança não seja colocada para dormir imediatamente depois de mamar. Ele deve ficar de pé por alguns minutos, até arrotar.
O refluxo é relativamente comum nos recém-nascidos. Se os episódios se tornarem freqüentes ou se grandes quantidades de alimento voltarem, os pais devem buscar um pediatra.
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